CONHEÇA A HISTÓRIA DE IPEÚNA....
Publicado em: 05 de junho de 2020
CONHEÇA A HISTÓRIA DE IPEÚNA....
Desbravando as terras dos “Sertões do Morro Azul”
Como tudo começou.... Publicaremos uma série de artigos que contará a história de Ipeúna, com o intuito de torná-la conhecida. Parto do princípio que se não conhecemos a história do local onde vivemos, como poderemos ter embasamento para poder projetar ou compreender seu futuro? Como poderemos transmitir as futuras gerações a importância da preservação local se sua história não é conhecida? Acredito que os moradores e pessoas que convivem em um local só terão o sentimento de “pertencimento” a ele se souberem e conhecerem sua história e os personagens que o construíram, para a partir daí, valorizar e entender melhor como seu espaço foi construído.
O primeiro tema a ser abordado será sobre o início de formação territorial, que em consequência da descoberta do ouro na Província do Mato Grosso e Goiás, desde o ano de 1718, desbravadores criaram rotas em toda a Província de São Paulo. Nesse momento existiam duas principais rotas, o roteiro pelos rios compreendendo o Rio Tietê até o Rio Paraná e o caminho pelo sertão que passava por nossa região. Seu percurso previa a saída de Itu, buscando por terra o Rio Capivari até chegar a região de Piracicaba. Partiam da cachoeira do Rio Piracicaba, permeando campos de elevações suaves até se depararem com o paredão da Serra do Itaquerí, onde encontraram uma passagem mais baixa e descampada, entre os Morros da Guarita e Morro Pelado, em direção aos “Sertões de Araraquara” rumo às minas de ouro em Mato Grosso e Goiás.
Nesse momento, os “Sertões do Morro Azul” onde hoje se situa o município de Ipeúna, era uma região quase desabitada ocupada por índios, mamelucos (mestiços de brancos com índios ou brancos com caboclos) e posseiros que ocupavam grandes extensões de terra para especulação. Constituíam-se, nos paredões das serras, uma fronteira natural separando as áreas já ocupadas nas regiões do Rio Piracicaba e Capivari das terras ainda não desbravadas.
O impulso definitivo para o desenvolvimento desta região foi desencadeado pela doação de grandes sesmarias: a do Morro Azul, a de Piracicaba e a do Corumbataí, ocorridas no final do século XVIII e início do XIX. As cartas de Sesmarias eram documentos passados pelos governadores de províncias ou donatários para doar terras garantindo a posse do território ocupado com o intuito de torná-las produtivas. Os sesmeiros contemplados eram moradores de outras regiões como Piracicaba, Mogi Mirim, Jundiaí e Santos, com disponibilidade financeira para promover a exploração econômica dessas terras. O período entre os anos de 1817 e 1821 configurou-se na fase mais representativa do povoamento dessa região e garantiu a continuidade de sua ocupação como também definiu sua estrutura fundiária, uma vez que as grandes fazendas, monocultoras e escravistas, formaram-se a partir da divisão dessas sesmarias.
O mais antigo documento encontrado que cita o Bairro Passa Cinco é uma Certidão de Casamento de escravos da propriedade do Capitão Mor Estevan Cardoso de Negreiros, localizados na Igreja Matriz de São João Batista do Ribeirão Claro, datado de 16.02.1833, onde consta serem moradores do Bairro Passa Cinco. Acredita-se que neste momento não se usava o termo distrito, e sim bairro, pois a região de Ipeúna ainda não pertencia a cidade de Rio Claro, e somente em março de 1897, conforme Lei Estadual 500, foi criado um Distrito de Paz com o nome de Santa Cruz do Passa Cinco.
UM POVOADO DE MUITOS NOMES
Primeiramente em abril de 1894, conforme Lei no. 262, foi criado o Distrito de Paz denominado Santa Cruz da Boa Vista, para Santa Cruz da Invernada, que segundo narrativas do Sr. Pedro Ferreira, antigo morador de Ipeúna, o nome Santa Cruz da Invernada refere-se a uma cruz construída pelos portugueses para que eles pudessem orar a seu redor. A cruz também servia para orientar os homens que ainda estavam na mata extraindo madeira, quando começava a escurecer, acendiam velas na cruz e essa luz servia para orientar os que ainda estavam na serra, vale lembrar que os portugueses foram os primeiros imigrantes a chegar em Ipeúna. O nome Invernada também fazia alusão ao Sítio Invernada, onde naquele momento as terras do povoado de Ipeúna estavam inseridas. O nome Santa Cruz da Boa Vista referenciava a Fazenda Boa Vista, sendo nesse momento a maior propriedade do município. Como ninguém assumiu o posto, o ato de criação do Distrito de Paz ficou só no papel e foi esquecido. Somente em 1897, pela Lei no. 500 de 18 de março foi criado outro Distrito de Paz com o nome de Santa Cruz do Passa Cinco, essa nomeação fazia alusão ao Rio Passa Cinco e também como anteriormente a localidade era conhecida. Em 04 de novembro de 1897 foi realizada na Câmara Municipal de Rio Claro a primeira eleição para Juiz de Paz e o Sr. Agostinho Pereira Bueno foi o 1º. Juiz de Paz eleito com 41 votos, assumindo assim o posto no Distrito de Paz.
As várias denominações referindo-se a mesma localidade começaram a gerar confusão. Para evitar novos problemas, o prefeito de Rio Claro fez um pedido ao Secretário Estadual do Interior e da Justiça para que tal engano fosse corrigido. A solução encontrada pela autoridade estadual foi o cancelamento das leis anteriores e a escolha de outro nome para o local, que passou a ser denominado Ipojuca, em língua indígena significa água suja e parada, tal como pode ser observado na Lei no. 1.011, de 13de outubro de 1906 que segundo narrativas do Sr. Martinho Mesquita também antigo morador de Ipeúna, informou que o nome foi escolhido por um vereador de Rio Claro, de nome Teixeirinha, que gostava e conhecia o vocabulário indígena, e costumava dirigir-se a Ipeúna apenas para caçar, em seu trajeto passava sempre por um lugar pantanoso, de água suja e parada, sendo esse o motivo de chamar Ipojuca.
O nome de Ipojuca foi utilizado oficialmente entre os anos 1906 a 1944, quando foi modificado para Ipeúna, através do Decreto de Lei Estadual no. 14.334, de 30 de agosto de 1944. A razão disso foi uma determinação federal proibindo o uso do mesmo nome para lugares diferentes, devendo prevalecer o mais antigo. Como outra localidade, no Estado de Pernambuco, onde hoje localiza-se a famosa praia de Porto de Galinhas, já possuía esse nome, a solução encontrada foi a mudança de Ipojuca para Ipeúna, que significa “ipê preto”. O significado “Ipê preto” não faz menção a flor do ipê ser preta e sim a seu caule que apresenta coloração escura.
O INÍCIO DO POVOADO NAS TERRAS DO SÍTIO INVERNADA.
Tudo começou em 02 de agosto de 1852, conforme certidão encontrada no Fórum da Comarca de Rio Claro expedida pelo “Tabelião do Público Judicial e Nottas de São João do Rio Claro”, na qual consta a transcrição de venda da área denominada “Sítio Invernada”. Essas terras eram de propriedade de João Baptista dos Santos e sua mulher Francisca de Aguiar, e de acordo com a escritura, as terras do referido sítio seriam terras desmembradas de uma grande sesmaria da região de Piracicaba. Neste mesmo ano as terras do Sítio Invernada foram vendidas para Antônio Pedroso do Amaral pela importância de um conto e setecentos mil reis. A escritura de venda e compra só foi lavrada em 1856.
Um ano após a oficialização da escritura, consta em 09 de julho de 1857 o falecimento do Sr. Antônio Pedroso do Amaral. Por intermédio do Inventário do Sr. Antônio, verificou-se que o Sítio Invernada apresentava uma exploração diversificada, com extração de madeira, criação de gado e suínos, café, cana de açúcar, milho e outros cereais, com atividade realizada através da mão de obra de dez escravos. Com o falecimento do proprietário, a metade de todos os bens passou, por direito, à viúva, e a outra metade seria dividida entre seus 12 filhos, um deles em gestação, e os outros ainda menores de idade, tutelados. Seus herdeiros, ao longo dos anos foram vendendo suas partes, e entre os anos de 1882 e 1896 as terras pertencentes ao “Sítio Invernada” foram repartidas por sucessivas vendas. O Sr. Samuel Draesbach, antigo morador de Ipeúna com cidadania americana, era um dos compradores com maior número dessas partes que para saber exatamente os limites reais de sua propriedade, requereu uma Ação de Divisão e Demarcação do Sítio Invernada, na qual apareceram também mais vinte e um coproprietários. Para ter conhecimento das medidas exatas de todas essas propriedades, fez-se necessário o levantamento de uma planta abrangendo toda a delimitação das terras do Sítio Invernada, obtendo assim pela primeira vez as medidas exatas de 638,747 alqueires e sua localização definida, bem como às das partes procedentes de várias vendas. Neste documento encontra-se também a informação de que dentro do perímetro do Sítio Invernada encontrava-se situada a povoação denominada na época de Santa Cruz do Passa Cinco. Na planta já aparecia um arruamento, composto de mais ou menos 14 quadras, quase todas ocupadas. Esse eram os indícios do município de Ipeúna começando a se formar.
No mesmo dia em que o Sr. Samuel Draesbach requereu a Ação de Divisão e Demarcação do Sítio Invernada em 14 de julho de 1896, aconteceram também duas doações de terras ao Patrimônio Religioso uma para Nossa Senhora da Conceição e a outra doação para o patrimônio de Santa Cruz do Passa Cinco.
A CAPELA E A DOAÇÃO DO PATRIMÔNIO RELIGIOSO
Está sendo uma experiência muito positiva dividir com vocês os conhecimentos adquiridos através de muita pesquisa sobre a história de Ipeúna, e esse é o intuito do pesquisador, ampliar a compreensão através da divulgação de fatos e personagens que fizeram parte da construção de um determinado local para que através da divulgação de sua história nosso lugar de convívio seja valorizado por todos que dividem seu espaço. E dando continuidade aos artigos sobre a história de Ipeúna, no artigo anterior falávamos sobre o Sítio Invernada e o início do povoado, hoje falaremos sobre as doações de terras ao patrimônio religioso de Ipeúna que em consequência do processo requerido pelo Sr. Samuel Draesbach sobre a Ação de Divisão e Demarcação do Sítio Invernada, constatou-se que a maioria dos 21 coproprietários que apareceram no processo não tinham escrituras e precisavam legalizá-las para dar andamento ao processo de desmembramento requerido pelo mesmo. Como uma pequena parte dessas propriedades já eram ocupadas pelo povoado, e para fazer cumprir a Lei de Terras no. 601 do ano de 1850, lei esta que regulamentava a posse da terra, em seu artigo 12, descreve que em terras onde já existisse reservas indígenas ou povoados já constituídos, que foi o caso encontrado no processo, os proprietários dessas terras teriam que doá-las para ter acesso as escrituras.
E no dia 14 de julho de 1896, reuniram-se o Tabelião Joaquim D’Avila Júnior, o Padre Elisario Paulino Bueno representando a Paróquia de São João Batista do Rio Claro, diante de testemunhas, Vicente José Barbosa e sua mulher fazem a Escritura de doação de “seis” alqueires de terras a Nossa Senhora da Conceição. Na referida escritura o nome do povoado consta como “Santa Cruz da Boa Vista”, conforme elucidamos em artigos anteriores, Ipeúna teve várias denominações, sendo Santa Cruz da Boa Vista uma delas. Desses seis alqueires, seriam retirados “20 braças” em quadra para a construção do templo religioso, nessas terras foram construídas a Capela e a atual Praça Central. A segunda doação foi feita por Francisco Barbosa de Moraes e sua mulher Antônia Maria Barbosa, que doou “três” alqueires à Santa Cruz da Boa Vista, conforme consta na escritura seriam terras destinadas para a povoação do mesmo nome. Vicente José Barbosa foi reverenciado através de uma placa com seu nome na praça central e ainda é citado no Hino de Ipeúna, enquanto que Francisco Barbosa de Moraes caiu no esquecimento.
Com relação a construção do templo religioso, desde que o povoado começou a se formar foi construída uma pequena capela de barro para atender as necessidades locais. Não temos datas precisas, mas por volta de 1900 já existia uma segunda capela maior que a primeira, construída com tijolos no lugar da anterior. Ao lado da nova capela foi construído também um coreto para apresentações da Banda Musical que já existia no povoado. Em 23 de dezembro de 1941, foi assentada a primeira pedra para a construção da atual Capela de Nossa Senhora da Conceição, foi edificada com esforço de toda a comunidade por meio de doações, arrecadações de quermesses e leilões, e finalmente foi inaugurada em 1943. Somente em 1991 obteve o título de Paróquia Nossa Senhora da Conceição, ou seja, tornou-se a Igreja Matriz.
A EMANCIPAÇÃO DE IPEÚNA DO MUNICÍPIO DE RIO CLARO
Dando continuidade a nossos artigos, hoje falaremos sobre a emancipação de Ipeúna que até o ano de 1964 pertencia a cidade de Rio Claro. O núcleo onde se instituiu inicialmente o povoado permaneceu pouco alterado até a década de 1960. Não havia água encanada, rede de esgoto, coleta de lixo entre outros serviços essenciais, e com a pouca assistência da Câmara Municipal de Rio Claro fez se necessário eleger dois vereadores que moravam em Ipeúna para representar os interesses do Distrito junto a Câmara Municipal de Rio Claro, sendo eles os Srs. Joaquim Abdalla e o Dr. Fausto Pacheco Aguirre, além dos vereadores o Sr. Alcides Barthmann exerceu o cargo de subprefeito entre os anos de 1958 a 1965. Em 1958 foi realizada a perfuração de um poço semi-artesiano, através do DAAE de Rio Claro, e somente após muita luta em 1962 a água passou a ser canalizada.
Havendo um descontentamento geral pelo abandono do distrito, começou a tomar forma o processo político pela emancipação de Ipeúna. Em 30 de abril de 1964 os Srs. Marcelo de Mesquita, José Luis Bueno e João Piovezan, moradores de Ipeúna, entregaram ao presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Sr. Ciro de Albuquerque, o memorial para a emancipação de Ipeúna. Não foi tão fácil percorrer esse caminho, na primeira tentativa em 23 de outubro do mesmo ano o governador Ademar de Barros vetou o processo de emancipação. Um grupo de moradores que eram favoráveis a emancipação recorreram ao Sr. José Felicio Castelano (Gijo) conhecido Deputado Estadual que residia em Rio Claro, onde com o apoio de mais oito deputados conseguiram derrubar o veto do governador. Haviam divergências entre os munícipes, porque, enquanto alguns pleiteavam a emancipação, outros receavam que não haveria receita o suficiente para que o município caminhasse sozinho sem o apoio de Rio Claro. Nesse processo existia uma série de exigências a serem apresentadas, dentre elas um plebiscito para saber se o povo apoiava ou não a emancipação. O plebiscito ocorreu em 03 de dezembro de 1963, e em 04 de dezembro realizou-se a apuração, onde 360 eleitores se inscreveram para a votação, sendo que 225 votaram SIM e 38 votaram NÃO, houveram 2 votos em branco, 3 nulos e 92 abstenções. Com o resultado do plebiscito no início de 1965 o Sr. Marcelo de Mesquita vai a sede do PTN (Partido Trabalhista Nacional) em São Paulo para conseguir autorização de registro dos candidatos que iriam concorrer ao cargo de prefeito, vice prefeito e vereadores. Em 07 de março de 1965 foi realizada eleição municipal, a apuração ocorreu no outro dia, sendo eleitos o prefeito Sr. Moacyr Silva Bueno, vice-prefeito o Sr. Geraldo Vitto Boer e presidente da Câmara o Sr. João Piovezan. Em 21 de março realizou-se a seção solene para a instalação do município de Ipeúna, houve uma Missa de Ação de Graças realizada pelo Bispo de Piracicaba, logo após a missa, aconteceu a primeira seção de Câmara presidida pelo Exmo. Juiz de Direito Luiz Campos. No atual salão paroquial foram empossados o prefeito, o vice-prefeito e os vereadores. No dia 31 de março foi realizada a transmissão de cargo do subprefeito Sr. Alcides Barthmann para o prefeito eleito Moacyr Silva Bueno. E assim nossa Ipeúna começou a caminhar e se transformar no que ela é hoje, graças ao empenho dessas pessoas que lutaram desde o princípio pelo seu desenvolvimento.
COMO VIVIAM E QUEM FORAM OS PRIMEIROS MORADORES DE IPEÚNA
Seguindo com nossos artigos, hoje iremos falar dos primeiros habitantes da região de Ipeúna, que segundo relatos, constituíam primeiramente em um pequeno grupo de mamelucos (mestiços de brancos com índios /brancos com caboclos) e caboclos que viviam nas terras do Sítio Invernada sem incomodar seus proprietários, e esses, por sua vez, permitiam aos mesmos fixarem moradias no local. Suas habitações consistiam em pequenos casebres de barro, cobertos de palhas, viviam de maneira muito rudimentar, quase não tinham ferramentas de trabalho, plantavam milho e mandioca, pescavam e caçavam sem armas de fogo, produzindo apenas o necessário para sobrevivência. Tinham pouco contato com as fazendas próximas, pois os fazendeiros, donos das grandes plantações de café, preferiam como trabalhadores os escravos africanos e, posteriormente os imigrantes estrangeiros. Nessa época, passavam pelo povoado muitos mascates, boiadeiros e tropeiros, alguns paravam somente para um pouso, outros permaneciam por mais tempo para prestarem serviços nas fazendas. Um dos famosos tropeiros que ficou por Ipeúna foi Nho Tó (Sr. Antônio Gonçalvez da Silva), ele era gaúcho e trazia tropas de burros para vender em Ipeúna. Nessa época, as fazendas cafeeiras precisavam de um grande número de animais para fazer o transporte do café até a estação de trem mais próxima, e numa dessas vindas a Ipeúna, ele acabou se casando, adquiriu grande quantidade de terras no local onde hoje é denominado de “Salto do Nho Tó” e se tornou uma pessoa de destaque tanto nos meios políticos quanto sociais da região.
A primeira família de imigrantes europeus a chegar em Ipeúna foi a família Ferreira, que chegou ao vilarejo para explorar madeira por volta do ano de 1876. Estes imigrantes portugueses chegaram para trabalhar na abertura de trilhos da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, na época da inauguração da estação ferroviária de Rio Claro, mas como o trabalho era árduo, com ganhos reduzidos eles se desligaram da Companhia Paulista e se tornaram empreiteiros, cortavam e vendiam a madeira, sendo as melhores destinadas aos dormentes e a de categoria inferior usada como lenha para as caldeiras.
A partir de 1886, a maior parte dos imigrantes que chegavam eram italianos, vindos para iniciar o processo de substituição à mão de obra escrava nas lavouras de Ipeúna, eles foram responsáveis por introduzir novos costumes aos moradores que já viviam no povoado. Os imigrantes chegavam ao Porto de Santos e seguiam por trem até a estação do distrito de Paraisolândia com destino as fazendas que tinham colônias de imigrantes nos arredores de Ipeúna. Houveram também outras nacionalidades de imigrantes, como os sírio-libaneses que fixaram comércios no povoado, os alemães, como a família Wiechmann que construíram o primeiro Hotel da cidade, que funcionava onde hoje está localizada a agência do Banco Bradesco.
Podemos encerrar esse artigo dizendo o quanto foi importante o contato entre caboclos e imigrantes que resultou em uma troca cultural dinâmica e enriquecedora, no que diz respeito a incorporação dos costumes no cotidiano, no trabalho rural e com relação a produção para subsistência. Essa mistura de culturas é a identidade e o retrato da Ipeúna que vivemos hoje.
Escrito por: Mara Lígia Scotton de Carvalho – Arquiteta Urbanista (ligiascotton22@gmail.com) Mestranda em Geografia pela Universidade Estadual Paulista/UNESP – Campus Rio Claro
REFERENCIAS:
CARVALHO, Mara L. S. Aspectos espaciais do processo de urbanização de Ipeúna, SP. Rio Claro: Trabalho de Finalização de Graduação. Faculdade Asser, 2014. MACHADO, Hélia Maria de Fátima. Uma História para Ipeúna. Dissertação (Mestrado). Rio Claro: UNESP, Geografia, 2004.
Fonte: Mara L.S. Carvalho - por e-mail
Publicado por: Câmara
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